quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As palavras que (nunca) te direi e a (In)temporalidade das mesmas..




É incrível a quantidade de coisas que fazem parte do nosso dia-a-dia e que acabam por passar despercebidas, menosprezadas.. E é incrível como nós não nos apercebemos delas, como lhes retiramos valor vezes sem conta, como agimos radical e indiferentemente perante pessoas, circunstâncias, olhares, desabafos e até nós próprios, quer perante um espelho ou a vida.
Por vezes questiono-me acerca do que é verdadeiramente importante, do que é que fazemos questão de dar primazia, de tornar relevante e porquê...
Importância”...
Que palavra é esta que tanta vez nos inquieta, nos leva a fazer tantos juízos de valor e condiciona tantas das nossas decisões? O que faz delas, a importância, acertivas? A verdade é que por vezes aquilo que assumimos como importante, acaba por cair no esquecimento.
Afinal, o que é que separa a importância da indiferença? Como é que algo importante acaba por não nos dizer nada? Como é que hoje uma pessoa é tão importante e amanhã não faz mais parte de nós?
Como é que supostamente algo importante, não o é para todos e sempre?

Quantas vezes nos julgamos importantes e acabamos por sair derrotados? Quantas vezes somos diminuídos e nos suprimimos, sendo importantes? Qual o lugar da importância? Terá, então, tempo e lugar? Ou será, somente, mais uma palavra, sem grande importância aparente?

Não faço ideia da quantidade de palavras que proferimos num dia.. nem da importância que lhes damos.
Quantas vezes magoamos e somos magoados apenas com uma palavra? É esta a importância que uma palavra deve ter?
Como é que uma palavra, que uma vez é tão suficiente, pode acabar por não surtir qualquer tipo de efeito? Pode dizer tão pouco e transparecer sentimento nenhum? Que importância é, então, esta?

No que diz respeito a palavras, por vezes deixo-me ficar na indiferença, que eu tão pertinentemente considero importante.. admito que consumo quase viciada as conversas, retenho palavras, absorvo expressões. Intervenho silenciosamente.. nem sempre me faço ouvir, nem sempre me esforço.. mas sei que tenho a minha importância!

Hoje sei que muito ficou por dizer, muitas palavras foram ultrapassadas, muitas ficarão na inércia, na falta de coragem, no arrependimento, na falta de oportunidade, por opção ou impossibilidade..
Sei que já magoei e por vezes quem menos merecia ser magoado.. Nem sempre pedir desculpa implicou “desculpa” e nem sempre o pedi.. Não me orgulho disso, não compreendo algumas aitudes, desconheço quem muitas vezes fui..
Nem sempre disse “bom dia”, perguntei “como estás” ou que tinha saudades.. Nem tão pouco “gosto de ti”, “és importante”..
Nem sempre disse o que pensei nem admiti o que fiz e o que ficou por fazer e dizer. Acho que, em alguns momentos, julguei como importante o que na verdade era auxiliar, deixando de dar atenção ao que me fazia dar importância e sentir importante.
Nem sempre fui suficiente com palavras e nem por isso procurei sê-lo. Nem sempre espelhei sentimentos em palavras, nem sempre as empreguei ponderada e oportunamente.
Reconheço a multiplicidade de vezes em que faltaram as palavras.
Reconheço que foram muitas as vezes em que algo ficou por dizer e que mesmo o silêncio não dizia muito...

Hoje procuro nas palavras algumas respostas, porquês, momentos.. Tento diminuir a ausência das mesmas, imaginar o sorriso que teriam provocado, o olhar tão consciente e feliz.
Procuro nas palavras a saudade, o que vivi, o que poderia ter vivido e aquilo que me poderá tornar nostálgica. Identifico situações imensas, recordo algumas pessoas..
A Mãe, o Tozinho, Laidinha, o Zé, a Margarida, a Sónia e o Marcelo, o Couto, Kakira, Sofia e Bruno, Fátima, Diogo, o Filipe, a Inês, o João, o Pedro, André, Ruby, Marina, Hugo, Rita, o Pai e a Avó...

Faltam sempre palavras... Muitas vezes também alguém..
Importância?






Sem comentários:

Enviar um comentário